quarta-feira, 29 de abril de 2009

22 de Abril - Dia da Terra


Assinala-se hoje o Dia da Terra, criado em 1970, com iniciativas em centenas de países destinados a chamar a atenção para a importância da preservação do ambiente.




Para comemorar este dia, deixamos-vos a carta na qual o chefe Seattle faz um verdadeiro poema de amor à natureza. Este documento transformou-se numa obra-prima pela riqueza e profundidade de suas palavras, sendo um dos melhores exemplos de como se deve conviver com a natureza. Um exemplo de verdadeira consciência ecológica.


Como se pode comprar ou vender o firmamento, ou ainda o calor da terra? Se não somos donos da frescura do ar, nem do fulgor das águas, como poderão vocês comprá-los? Cada parcela desta terra é sagrada para o meu povo. Cada brilhante mata de pinheiros, cada grão de areia nas praias, cada gota de orvalho nos escuros bosques, cada outeiro e até o zumbido de cada insecto é sagrado para a memória e para o passado do meu povo. A seiva que circula nas veias das árvores leva consigo a memória dos Peles Vermelhas. Somos parte da Terra e do mesmo modo ela é parte de nós próprios. As flores perfumadas são nossas irmãs; o veado, o cavalo, a grande águia são nossos irmãos; as rochas escarpadas, os húmidos prados, o calor do corpo do cavalo e do homem, todos pertencemos à mesma família. Por tudo isso, quando o Grande Chefe de Washington nos envia a mensagem de que quer comprar as nossas terras, está a pedir-nos demasiado. A água cristalina que corre nos rios e ribeiros não é somente água: representa também o sangue dos nossos antepassados. O murmúrio da água é a voz do pai do meu pai. Os rios são nossos irmãos e saciam a nossa sede; são portadores das nossas canoas e alimentam os nossos filhos. O homem branco não sabe distinguir um pedaço de terra de outro, porque ele é um estranho que chega de noite e tira da terra o que necessita. A terra não é sua irmã, mas sim sua inimiga. Trata a sua Mãe, a Terra, e o seu irmão, o Firmamento, como objectos que se compram, se exploram e se vendem como ovelhas ou contas coloridas. Depois de tudo, para que serve a vida se o homem não pode escutar o grito solitário do noitibó nem as discussões nocturnas das rãs nas margens dum charco? O ar tem um valor inestimável para o Pele Vermelha, uma vez que todos os seres partilham um mesmo alento. O vento, que deu aos nossos avós o primeiro sopro de vida, também recebe os seus últimos suspiros. Tudo está ligado. Devem ensinar aos vossos filhos que o solo que pisam são as cinzas dos nossos avós. Ensinem aos vossos filhos aquilo que nós temos ensinado aos nossos, que a terra é nossa mãe. Tudo quanto acontecer à terra acontecerá aos filhos da terra. Se os homens cospem no solo, cospem em si próprios. Isto sabemos: a terra não pertence ao homem; o homem pertence à terra. (...)
(texto com supressões)